Inocência no local do crime.: Fotografia como prova e viagem da liberdade em The Innocents de Taryn Simon

International audienceAs accurate historians have sufficiently exposed, photographic techniques were more than often improved by (or for) Scientific Police, which, in turn, based and built its “scientific value” on the photographic ability to describe and measure man’s physiognomy, consequently provoking the nearly permanent faith in the self-sufficient evidentiary and objective character of photography, which also popularized the medium. If photography was defined as the first apparatus who could express, retain and fix the human trace (Walter Benjamin referring to Bertillon’s invention of ‘metric’ photography), and it’s still considered as the medium capable “to certify the human presence” (Barthes, Camera Lucida), in visual criminology photographs and mug-shots represent indeed an expressions of the self, by some means becoming extorted confessions, or uncontrolled self-revelatory forms. In our peculiar epoch, where photographs are more and more entrusted with the task of furthering and expanding the self, we would therefore like to question photography as “self-confession”, by analyzing the work of some artists whose starting point is the mistrusting of images. I intend to evocate some paradigmatic examples, The Innocents (2003) of the American photographer Taryn Simon in particular.De modo a compor a imagem da liberdade, devem levar-se a cabo pesquisas arquivísticas em busca de todas as imagens que reproduzem uma libertação da prisão, afirma o narrador em Prison Images (Gefängnisbilder, 2000), de Harun Farocki. Isto tece considerações sobre um dos mais tocantes conjuntos de fragmentos-duas personagens ficcionais a sair, efetivamente, da prisão. Mas poderá uma imagem de um prisoneiro libertado ser uma imagem de liberdade? Entre outros, o primeiro projecto de Taryn Simon, simplesmente intitulado The Innocents e publicado em 2003, sugere vincadamente uma resposta negativa. Em viagem pelos Estados Unidos, entre 2000 e 2002, Simon conheceu 45 protagonistas de The Innocence Project. Fundado em 1992, pelos célebres advogados e professores Barry C. Scheck e Peter J. Neufeld, da Benjamin N. Cardozo School of Law em Nova Iorque, The Innocence Project é uma (e a mais conhecida) das organizações independentes sem fins lucrativos que se dedica a ilibar indivíduos erradamente condenados, presos nos Estados Unidos. Tem como objectivo reformar o sistema criminal que fez com que 1800 pessoas inocentes fossem presas, desde o final dos anos 1980 (cf. Brown, 2016). O projecto providencia representação pro bono a prisioneiros por todo o país, que afirmam que um teste de ADN poderia provar a sua inocência, e colabora com advogados em campanhas pelas moratórias de penas de morte, a nível nacional. O projecto estuda também as acções judiciais de condenações injustas, de modo a propor soluções para reduzir a frequência de futuros erros de justiça (cf. Simon, 2003: 99). 1 Tradução do inglês de Vanessa Rôla