Influência do tempo decorrido entre o término da operação e a admissão na unidade de terapia intensiva, na previsão do APACHE II e na letalidade dos doentes operados de urgência

CONTEXT AND OBJECTIVE: Patients are often admitted to intensive care units with delay in relation to when this service was indicated. The objective was to verify whether this delay influences hospital mortality, length of stay in the unit and hospital, and APACHE II prediction. DESIGN AND SETTING: Prospective and accuracy study, in intensive care unit of Santa Casa de São Paulo, a tertiary university hospital. METHODS: We evaluated all 94 patients admitted following emergency surgery, from August 2002 to July 2003. The variables studied were APACHE II, death risk, length of stay in the unit and hospital, and hospital mortality rate. The patients were divided into two groups according to the time elapsed between end of surgery and admission to the unit: up to 12 hours and over 12 hours. RESULTS: The groups were similar regarding gender, age, diagnosis, APACHE II score and hospital stay. The death risk factors were age, APACHE II and elapsed time (p < 0.02). The mortality rate for the over 12-hour group was higher (54% versus 26.1%; p = 0.018). For the over 12-hour group, observed mortality was higher than expected mortality (p = 0.015). For the up to 12-hour group, observed and expected mortality were similar (p = 0.288). CONCLUSION: APACHE II foresaw the mortality rate among patients that arrived faster to the intensive care unit, while the mortality rate was higher among those patients whose admission to the intensive care unit took longer.CONTEXTO E OBJETIVO: Com freqüência os doentes são admitidos nas unidades de terapia intensiva com atraso em relação ao momento da indicação deste atendimento. Objetivamos verificar, nos doentes operados de urgência, se esse atraso interfere na letalidade hospitalar, na permanência na unidade e no hospital, e na predição do escore APACHE II. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: De acurácia, prospectivo, na unidade de terapia intensiva da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, hospital terciário e universitário. MÉTODOS: Foram avaliados todos os 94 doentes admitidos de agosto/2002 a julho/2003, após operações de urgência. As variáveis estudadas foram: APACHE II, risco de óbito, permanência na unidade e no hospital e letalidade hospitalar. Foram comparados dois grupos de doentes divididos conforme o intervalo de tempo entre o fim da operação e a admissão na unidade: até 12 h e após 12 h. RESULTADOS: Os grupos eram semelhantes quanto ao sexo, idade, diagnóstico, APACHE II, tempo de internação, bem como de hospitalização. Os fatores de risco de óbito foram idade, APACHE II e tempo de retardo na internação (p < 0,02). A letalidade do grupo após 12 h foi maior (54.9% x 26.1%; p = 0,018). A letalidade observada foi maior que a esperada no grupo após 12 h (p = 0,015), enquanto a letalidade observada no grupo até 12 h foi semelhante à esperada (p = 0,288). CONCLUSÕES: O APACHE II previu melhor a letalidade do grupo de doentes que entraram mais rapidamente na unidade de cuidados intensivos, enquanto a letalidade hospitalar foi maior nos doentes que demoraram mais para a admissão na unidade de terapia intensiva