Neuroplasticidade e funcionamento cognitivo: O impacto da atividade física ao longo da vida.

Hoje em dia assistimos a um forte interesse pelo estudo de fatores capazes de influenciar positivamente o processo de envelhecimento, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida das populações. A atividade física tem sido um dos factores mais considerados e as descobertas acerca das suas potencialidades sobre a saúde e bem estar têm sido notáveis. Assim, torna-se evidente que a saúde mental e o próprio funcionamento cognitivo podem beneficiar da prática regular de atividade física (Dustman & White, 2006; Marmeleira, 2013; Richardson et al., 2005). Sinal dos tempos e da (r)evolução tecnológica e científica que vivemos, as neurociências ocupam um espaço central na investigação atual, constatando-se que ao contrário do que era aceite num passado recente, o cérebro é bastante adaptável ao longo da vida a mudanças de condições internas e externas ao organismo. Dois bons exemplos de como é promissor o estudo das relações entre cérebro e motricidade são: a associação entre a prática de exercício e o fenómeno de neurogénese (formação de novos neurónios) e a constatação de que algumas regiões cerebrais mais afetadas pelo processo de envelhecimento são das que mais beneficiam dessa mesma prática (Colcombe & Kramer, 2003; Cotman & Berchtold, 2002; Pereira et al., 2007). Neste capítulo vamos examinar as relações entre atividade física, cognição e neuroplasticidade, tendo como pano de fundo o processo de envelhecimento. Com esse propósito, vamo-nos socorrer de conhecimentos provenientes das neurociências