Análise do grau de fragilidade financeira das empresas não-financeiras de capital aberto no Brasil depois do plano real (1995-2016)

Este trabalho analisa o grau de fragilidade financeira das empresas não-financeiras brasileiras de capital aberto entre 1995 e 2016, com ênfase no período mais recente. Tal esforço é empreendido em duas etapas: no primeiro capítulo, discute-se a Hipótese da Instabilidade Financeira de Minsky, inserindo-a dentro do arcabouço teórico pós-keynesiano. No segundo capítulo, analisa-se uma série de indicadores de interesse construídos a partir das informações contábeis contidas nos demonstrativos financeiros de algumas das principais empresas não-financeiras negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, disponíveis na base de dados Economatica. Identifica-se, de maneira estilizada, três períodos distintos: i) entre 1995 e 2002, de alto grau de fragilidade financeira das empresas; ii) entre 2003 e 2007, de menor grau de fragilidade financeira das empresas; e iii) depois da crise de 2008, em que a fragilidade financeira das empresas se torna mais pronunciada, em especial a partir de 2015, quando o país passa a enfrentar uma profunda recessão e uma crise política de grandes proporções. Sustenta-se que, no período mais recente, a combinação entre recessão e alto grau de fragilidade financeira das empresas não-financeiras deixou estas em situação vulnerável, fator que constitui um obstáculo para a retomada do crescimento econômico sustentadoThis paper analyzes the level of financial fragility of Brazilian public non-financial corporations between 1995 and 2016, emphasizing the most recent period. Such effort is undertaken in two stages: in the first chapter, we present Minsky\u27s Financial Instability Hypothesis (FIH), positioning it within the post-Keynesian theoretical framework. In the second chapter, we analyze a set of relevant indicators constructed from the analysis of financial statements of some of the main public non-financial companies traded on the São Paulo Stock Exchange - data were collected from the software Economatica. We were able to identify three stylized periods: i) one between 1995 and 2002, in which a high degree of financial fragility is observed; ii) one between 2003 and 2007, in which declines; and (iii) one from the crisis of 2008 to the present moment, in which the financial fragilization occurs more prominently, especially after 2015, when the country go through a major recession and a deep political crisis. We sustain that, most recently, the combination between recession and a high level of financial fragility left non-financial companies in a vulnerable situation, a factor that imposes an obstacle to the resumption of sustained growt