Avaliação das fontes de contaminação fecal em zona conquícola de Lisboa e Vale do Tejo

A qualidade dos moluscos bivalves está directamente relacionada com a qualidade das águas onde vivem, ocorrendo a sua contaminação quando se encontram em meios contendo microrganismos patogénicos ou expostos a focos de contaminação. Assim, são objectivos deste trabalho contribuir para uma avaliação primária do risco sanitário duma zona de produção de bivalves, situada na região de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente a Praia de Algés; e a aprendizagem de metodologias aplicadas na monitorização da qualidade microbiológica das águas e dos moluscos bivalves. Neste estudo, com as amostras de água, foi realizada a caracterização do tipo de contaminação microbiológica de duas zonas da Praia de Algés, diferenciadas pelo seu posicionamento em relação à fonte de poluição. Com as amostras de moluscos bivalves foi efectuada a caracterização de uma só zona, a que se encontra mais próxima da fonte de poluição; de modo a avaliar o nível de contaminação, a variação espaço temporal da abundância microbiana, a sua relação com alguns parâmetros físico-químicos, condições de maré (vazante/enchente) e características meteorológicas, tal como a pluviosidade. Ao longo de sete meses, de Abril a Novembro, foram efectuadas na totalidade 30 amostragens. Através das quais, foi também realizada a determinação de parâmetros físico-químicos das águas superficiais, tais como, a temperatura, a salinidade e o pH; e a determinação de parâmetros microbiológicos das amostras de água e de Mytillus galloprovincialis (mexilhão), tais como, os coliformes totais, Escherichia coli, estreptococos fecais, esporos de clostrídios sulfito-redutores e microrganismos viáveis totais. Os resultados demonstraram existência de contaminação microbiológica tanto na água como nos mexilhões. As elevadas percentagens obtidas de microrganismos indicadores de poluição fecal servem de alerta, uma vez que a sua presença consiste num potencial indicador de diversos agentes patogénicos e indicam que a contaminação deve derivar de descargas de águas residuais sem tratamento prévio. Estas tornam os moluscos bivalves impróprios para consumo humano directo e as águas impróprias para a prática balnear, visto que manifestam um risco potencial à saúde dos consumidores e banhistas. A concentração média das bactérias entéricas ultrapassou os valores admissíveis pela legislação, por isso é necessário implementar um programa de monitorização e adoptar técnicas de depuração para melhorar a qualidade da água e dos mexilhões da Praia de Algés