Representações do feminino na literatura colonial sobre São Tomé e Príncipe. Uma leitura a partir da sociologia das ausências e das emergências

Partindo da análise das representações das mulheres na literatura colonial sobre São Tomé e Príncipe, procurei perceber de que forma as noções do feminino e do masculino foram operacionalizadas pelo Estado Novo para criar uma consciência colonial que acentuava o papel de subalternização tanto de colonas como colonizadas. Recorrendo à proposta metodológica da sociologia das ausências e das emergências de Boaventura de Sousa Santos, propus-me pensar os mecanismos simbólicos pelos quais estas mulheres foram sistematicamente silenciadas e invisibilizadas nas narrativas etnocêntricas. Porque a literatura desta fase traduz um imaginário colonial que simultaneamente aceita, mas também subverte (Noa, 2002), julgo que o resgate destas representações pode contribuir para a desconstrução da memória imperial portuguesa, oferecendo possibilidades diferentes de se pensar as relações sociais e de poder vigentes na sociedade colonial santomense, construindo conhecimentos e narrativas outras