Urbanidade desperdiçada: o caso das praças de Joinville/SC

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis, 2017.Esta tese busca trazer a compreensão sobre os possíveis fatores envolvidos na pouca utilização dos espaços livres públicos (ELPs) de praça da cidade de Joinville | SC. Busca referências que contribuam para o entendimento da dinâmica urbana e sociocultural de uma cidade industrial de médio porte e analisa como o crescimento urbano pode ter influenciado na localização dos ELPs e nas formas de utilização desses espaços. Parte-se da hipótese de que os aspectos culturais, de planejamento urbano e de conformação dos espaços livres públicos possuem relação direta com a perda da esfera pública e o esvaziamento desses locais. Trabalha-se com três sub-hipóteses que auxiliaram na comprovação do exposto. Essas sub-hipóteses estão relacionadas à quantidade e localização dos ELPs de praça inseridos na malha urbana; a pouca ênfase dada para esses espaços no planejamento urbano da cidade e a cultura dos habitantes locais que parecem não valorizar essas áreas. Buscou-se comprovações para essas sub-hipóteses como forma de evidenciar o descaso com os espaços livres públicos de praça em Joinville. Para as análises socioculturais, buscou-se apoio em teses, dissertação e livros de historiadores locais que evidenciassem aspectos da sociedade e da cultura desde o início da colônia. Esbarrou-se em uma limitação, pois essa análise poderia ser melhor embasada se existissem estudos sociológicos ou antropológicos sobre a região, estudos esses que não foram encontrados. No que tangenciou ao planejamento urbano, buscou-se apoio nos estudos de desenvolvimento urbano e planos diretores existentes no arquivo histórico junto ao Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (IPPUJ), atual Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento (SEPUD). A análise desse material permitiu construir um arcabouço de informações e de imagens que auxiliaram na compreensão da evolução urbana da cidade e dos modos de apropriação dos espaços públicos. Além disso, mapas antigos e descrições do período colonial permitiram compreender como a colônia se desenvolveu até o momento do primeiro estudo urbano, em 1965. Ao buscar a relação existente entre a quantidade e a localização dos ELPs de praça de Joinville, as análises apoiaram-se nos conceitos desenvolvidos por Sennett (1993), Lefebvre (2008), Jacobs (2011), Gehl (2013), Alexander, Ishikawa e Silverstein (2013), Aguiar (2012), Holanda (2012), Netto (2012), Tenorio (2012) e Saboya (2013) que apontam para elementos a serem considerados para que exista a vitalidade urbana, o encontro, a socialização e a utilização dos espaços a urbanidade. As pesquisas e análises confirmaram as hipóteses levantadas e deram indícios do começo de uma retomada do ELP de praça na cidade. Retomada que aponta para a necessidade de planejamento de espaços livres públicos, sejam eles praça, largos, adros, ruas ou quaisquer outros espaços os quais permitam encontros intencionais ou não, que permitam a socialização, a vida cotidiana e que animem a urbe.Abstract : This thesis seeks to bring understanding about the possible factors involved in the little use of free public spaces (FPSs) in the square of the city of Joinville | SC. It looks for references that contribute to the understanding of the urban and socio-cultural dynamics of a medium- sized industrial city and analyzes how urban growth may have influenced the location of the FPSs and the ways of using these spaces. The hypothesis is that the cultural aspects of urban planning and the conformation of public spaces are directly related to the loss of the public sphere and the emptying of these places. We work with three sub- hypotheses that helped to prove the above. These sub-hypotheses are related to the quantity and location of FPSs inserted in the urban network; the little emphasis given to these spaces in the urban planning of the city and the culture of the local inhabitants who do not seem to value these areas. Evidence was then sought for these sub-hypotheses as evidence of the neglect of public spaces in Joinville. For sociocultural analyzes, support was sought in theses, dissertations and books of local historians that showed aspects of society and culture from the beginning of the colony. It came up against a limitation because this analysis could be better based if there were sociological or anthropological studies about the region, studies that were not found. In what touched on urban planning, support was sought in urban development studies and master plans existing in the historical archive with the Institute of Research and Urban Planning of Joinville (IPPUJ), the current Secretariat of Urban Planning and Development (SEPUD). The analysis of this material allowed building a framework of information and images that helped to understand the urban evolution of the city and the ways of appropriating public spaces. In addition, ancient maps and descriptions of the colonial period allowed us to understand how the colony developed up to the time of the first urban study in 1965. In the search for the existing relationship between the quantity and the location of PFSs in Joinville square, the analyzes were based in the concepts developed by Sennett (1993), Lefebvre (2008), Jacobs (2011), Gehl (2013), Alexander, Ishikawa and Silverstein (2013), Aguiar (2012), Netto 2012) and Saboya (2013) that point to elements to be considered for urban vitality, meeting, socialization and use of spaces - urbanity. The surveys and analyzes confirmed the hypotheses raised and gave indications of the beginning of a resumption of PLP in the city. Resumption that points to the need to plan public spaces, whether they are square, wide, streets or any other spaces that allow intentional or not, that allow socialization, daily life and that animates the city