O papel socializador das mídias digitais na incorporação do capital cultural na relação entre a cultura escolar, a socialização familiar e os grupos de adolescentes

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2017.Neste trabalho propomo-nos a estudar o fenômeno das mídias digitais, mais especificamente, das mídias digitais como um novo elemento socializador. O nosso foco é analisar a sua interferência na in-corporação do capital cultural dos adolescentes na relação com a cultura escolar, socialização familiar e pertencimentos aos grupos de estudantes no contexto escolar. Neste viés, fizemos uso de concepções teóricas mediante os estudos de Pierre Bourdieu, sobretudo com o conceito de capital cultural que é constituído por três estados: incorporado, objetivado e institucionalizado, que se faz presente na vida das pessoas em baixo ou em alto grau, dependendo da classe social o qual elas pertencem e das relações que estabelecem ao longo do percurso, seja acadêmico, profissional ou pessoal. O outro autor utilizado é Viñao Frago com o conceito de cultura escolar que pode ser entendido como tudo que constitui a escola, ou seja, toda a vida escolar. Por fim, utilizamos o conceito de linguagem em Santaella, este conceito é caracterizado como algo que faz parte e constitui o sujeito enquanto o mesmo se relaciona com ela. Os conceitos utilizados, aliados as categorias elencadas - escola, família, grupo e interação dos alunos com as mídias digitais - possibilitaram-nos a compreensão do objeto em estudo. Assim, esta pesquisa é um estudo de caso de inspiração etnográfica, no qual os procedimentos se basearam, em observações participantes de aproximadamente três meses, produção de um diário de campo e na realização de um roteiro de entrevistas com quatro professores, uma diretora e oito estudantes de uma turma do 8º ano de uma escola pública federal da cidade de Florianópolis. A inserção no cotidiano escolar, e a análise da empiria nos permitiram observar que as mídias digitais faziam-se presentes no contexto escolar, assim como no ambiente familiar e na vida dos estudantes. Notamos que os diferentes códigos de uso das mídias digitais que os adolescentes se valiam nos grupos, divergiam dos códigos utilizados pelas famílias e pela instituição escolar. Isso porque os usos pelos estudantes eram voltados aos seus interesses, pois compartilhavam entre si as suas preferências e as suas experiências. O uso que as famílias faziam estava voltado para questões morais e intelectuais, e o uso para a escola estava implicado a questões de natureza cognitiva. As várias maneiras de uso das mídias digitais dependiam das relações que os adolescentes estabeleciam com elas, apreendendo novas formas de linguagens que se (re)criam na interação com outros sujeitos em diferentes espaços e tempos. Com esses usos e essa relação que os adolescentes estabeleciam com as mídias digitais no ambiente familiar e no contexto escolar percebemos que, propiciava um aumento do capital cultural incorporado e objetivado, isso porque o grupo de alunos com o qual trabalhamos pareceu-nos inserir a classe média, pelas experiências vividas e socializadas.Abstract : With this project we took the task of studying the digital media phenomenon, more specifically, digital media as a new socializing element. Our focus is to analyze its interference in the incorporation of the adolescent?s cultural capital in its relation with the school culture, familiar socialization and the belonging of the students groups in the school context. With this bias, we used theoretical concepts through the studies of Pierre Bourdieu, especially with the concept of cultural capital which is made of three states: incorporated, objectified and institutionalized, that makes it self present in the life of the people in high and low degrees, depending of the social class of which they belong and the connections that they establish along the way, be it academic, professional or personal. The other author used was Viñao Frago with the concept of school culture that can be understood as everything that comprises the school, that is, the whole school experience. At last, we utilized the concept of language in Santaella, this concept is characterized as something that is part of and constitutes the subject while it relates with her. The concepts utilized, allied with the categories listed ? school, family, group and student?s interaction with the digital medias ? allowed us the understanding of the object of study. Therefore, this research is a case study with ethnographic inspiration, on which the experiments were based upon, in participating observations of approximately three months, production of a field journal and in the completion of a script for interviews with four teachers, one school principal, and one group of eighth graders of a federal public school in the city of Florianopolis. The insertion in the daily school life, and the analysis of the experience allowed us to observe that digital medias were present in the school context, as well as in the home environment and in the lives of the students. We noticed that the way these different medias coding were used in the school groups were different from those used by the families and by school. That is because the students used it for their personal interests, because they shared among them their preferences and their experiences. The way the family used it was oriented toward moral and intellectual issues, and the school used it for issues of cognitive nature. The many ways digital media were used depended upon the connections the adolescents established with them, learning new language forms that were (re)created through the interaction with other subjects in different spaces and time. By the way it was used and the connection that these adolescents established with digital medias in their home environment and in the school context we noticed that it provided an increase in the incorporated and objectified cultural capital, that is because the group of students whom we worked with seemed to us that they were inserted in the middle class, by the lived and socialized experiences