[Recensão a] Cardoso, M. (2015). Yvone Kane. Moçambique, Portugal, Brasil: Filmes do Tejo & MPC Filmes

[Excerto] Margarida Cardoso nasceu em Portugal e passou a infância em Moçambique onde o pai, militar da força aérea, esteve destacado desde 1966. Cresceu durante a guerra colonial, rodeada de silêncio sobre este e outros assuntos, como a existência de livros proibidos, ou o desaparecimento de pessoas. Quando voltou a Portugal deparou-se novamente com silêncios: sobre a nostalgia do império, a defesa do colonialismo, a permanência de Portugal em África e a guerra colonial. A obra desta autora é marcada pela necessidade de dar um corpo discursivo ao silêncio relativo a esse período da sua infância e juventude e pelo desejo de “guardar e reconstituir um tempo à beira do fim”. Yvone Kane, a segunda longa-metragem de ficção de Margarida Cardoso (depois de Costa dos Murmúrios de 2004), é uma coprodução entre Portugal e o Brasil, que estreou em fevereiro de 2014, foi rodada em Portugal e Moçambique e conta com a participação de atores portugueses, brasileiros e moçambicanos.Esta recensão está inserida numa investigação de doutoramento em Estudos Culturais, cujo tema é “Alteridade e Identidade no cinema pós-colonial em Portugal e em Moçambique”, financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia, no domínio das Ciências da Comunicação, com a referência SFRH/BD/110044/2015.