Relações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia

A Europa, nos anos que sucederam à Segunda Guerra Mundial, buscou na integração regional, por meio da União Europeia, uma forma de garantir a cooperação entre os diversos países, assegurando assim a paz no continente. A América Latina, através do Mercosul, viu na integração regional uma oportunidade de superar o subdesenvolvimento da região e se inserir no competitivo comércio que se desdobrava com o advento da globalização. No espaço da teoria econômica não há consenso sobre os reais efeitos da integração regional. Enquanto a teoria neoclássica se mostra bastante otimista sobre os efeitos da integração, a teoria da nova geografia e Cepalina são mais céticos. O objetivo desse trabalho é examinar como a teoria econômica se relaciona com os dados sobre comércio do bloco europeu e sul-americano. Buscou-se identificar qual teoria melhor compreendia os reais efeitos da integração regional. O trabalho conclui que, por mais que a integração regional tenha obtido efeitos positivos, ela também gerou desigualdades. Tanto a teoria a nova geografia quanto a Cepalina, expressaram seus receios quanto ao fenômeno de concentração econômica. Os dados e indicadores das relações de comércio entre UE e Mercosul analisados no trabalho, com foco no grau de intensidade tecnológica das pautas regionais de comércio, permitiram verificar a preservação de um típico sistema centro-periferia, onde o Mercosul permanece exportando bens de baixo-valor agregado para a União Europeia, de um lado, e a UE exportando produtos de maior valor agregado para o Mercosul, de outro. Essa condição concorre, pois, para dificultar a superação do subdesenvolvimento sul-americano. Verificou-se, ainda, que um dos principais benefícios do processo de integração regional foi no âmbito intrarregional. No caso do Mercosul, em particular, foi possível observar avanços importantes nas relações de comércio entre os países da região, do ponto de vista da composição das exportações e importações por graus de intensidade tecnológica. A ambiciosa experiência europeia, apesar de suas falhas, revela a importância da existência e implementação de políticas públicas e instituições supranacionais para a viabilização de um projeto de integração regional capaz de propiciar mudanças estruturais dos respectivos países membros.Europe, in the years following World War II, found in regional integration, through the European Union, a way to guarantee cooperation between various countries, assuring a way to maintain peace in the continent. Latin America, through Mercosur, saw in regional integration an opportunity to overcome underdevelopment in the region and participate in the competitive trade that was unfolding due to the advent of globalization. In the field of economic theory, there is no consensus on the actual effects of regional integration. While neoclassical theory is quite optimistic about the integration, the new economic geography theory and the ideas proposed by Cepal are skeptical about the outcomes. This study goal\u27s is to examine how the economic theory relates to the European and South American trade data. We sought to identify which theory better understood the real effects of regional integration. The study concluded that despite the positive outcomes of regional integration, in a way, it also created inequality. Both the new geographic theory and Cepal expressed their concerns regarding the economic concentration phenomenon. The analyzed trade data and indicators between the Mercosur and the European Union, focused in the technologic intensity of the trade agenda, allowed to verify the maintenance of the typical "center-periphery" system, in which Mercosur mainly exports low value added goods to the European Union and the latter exports high added value goods to the former, this conditions hampers to overcome South American development. It was also noted that a key benefit of the regional integration process occurred in the intra-regional scope. In Mercosur\u27s case in particular, we were able to observe important progress in Mercosur\u27s trade relationship with the region, especially from the point of view of the exports and imports by technology intensity. The ambitious European experience, despite its flaws, reveals the importance of existing and implementing policies and supranational institutions that would enable a regional integration project capable of providing structural changes in the respective member states