A operação consorciada no parque linear do rio Capivari na região sudoeste de Campinas e os impactos no mercado imobiliario local

Esta pesquisa objetiva contribuir, em um contexto geral, com a compreensão da dinâmica atual do espaço urbano na região sudoeste de Campinas. Neste sentido, a investigação voltou-se para a criação do Parque Linear do Rio Capivari e as transformações urbanas que lá se delineiam. A microrregião dos bairros Jardim Santa Lúcia, Santa Terezinha, Morumbi, Telesp, Campos Elíseos, Jardim Capivari, Yeda e Vila União vem passando por uma forte atuação da Prefeitura no sentido de dotar a região de melhor infraestrutura de acessos, lazer e serviços por meio de parcerias público-privadas. A origem desta região, a partir da década de 1940, e destes bairros, em particular, remonta ao período do surgimento dos loteamentos mais afastados do que se tinha na época como centro da cidade. A construção do Aeroporto de Viracopos, a criação do Distrito Industrial de Campinas (DICs), e devido a toda a malha rodoviária ali existente e a consequente chegada das indústrias pesadas, principalmente automobilística, de máquinas e de bens de capital, demandaram a criação de bairros para moradia de trabalhadores e de tantos outros que vieram para Campinas em busca de melhores condições de vida. Por meio da COHAB, vários bairros foram criados, numa região marcada pela exploração precária de argila ao longo do curso do Rio Capivari, que ali corta a região, para a produção de telhas e tijolos cerâmicos. Na medida em que a cidade crescia e se criava empregos, vários outros bairros surgiram sem qualquer planejamento ou ordenamento, com ocupações precárias, sem infraestrutura, em especial saneamento básico. Os bairros mais recentes surgiram concomitantes a um momento de total declínio e abandono das cavas de argila e sucateamento das cerâmicas, pelas dificuldades de manutenção num mercado mais competitivo, e com maiores restrições impostas pela legislação ambiental e principalmente pelo aparecimento de novas tecnologias de produção industrial. As antigas famílias, agora já em suas segundas, terceiras e até quarta gerações, não conseguiram se manter na antiga atividade produtiva, já que muitas fábricas tiveram forte declínio de venda e muitas faliram, sendo que poucas ainda restam. Do apogeu da criação dos DICs, do aparecimento das invasões, passando pelo abandono das fábricas de cerâmicas surgiu o Parque Linear do Rio Capivari a partir da opção de alguns antigos proprietários em lotear e por meio de uma parceria público-privada, um sofisticado modelo de Operação Urbana Consorciada, cuja finalidade primeira é sem dúvida a de valorizar aquela parte da cidade para fins imobiliários. Em resumo, dar um novo sentido, remodelar, renovar, mudar, criar. Para vender. É o que observamos nesta pujante Campinas dos últimos tempos.Not Informe