Efeitos da dor orofacial e do diazepam sobre o comportamento de ratos submetidos ao teste do labirinto em cruz elevado

O tratamento odontológico geralmente induz um quadro de ansiedade e apreensão que pode estar relacionado à dor trans ou pós-operatória na região orofacial, à lembrança de alguma experiência dolorosa em tratamentos prévios, ou à expectativa da dor. Modelos animais permitem uma diminuição do número variáveis experimentais, tais como efeitos psicológicos e sociais e, portanto, são muito úteis em pesquisas na área de Fisiologia. Em um estudo prévio observamos que a dor induzida pela administração de formalina no lábio induziu respostas comportamentais que indicam aumento no nível de ansiedade em ratos de laboratório (DOMINGOS ei a/., 2000a). A avaliação do nível de ansiedade foi realizada por meio do teste do labirinto em cruz elevado (PELLOW et al. 1985; DOMINGOS et al., 2000a; CRUZ et al., 1994). Neste teste comportamental, se um tratamento aumenta a preferência do animal pelos braços abertos, é tido como ansiolítico. A confirmação desta interpretação é feita farmacologicamente com a utilização de um fármaco com ação ansiolítica. O diazepam é o agente ansiolítico padrão utilizado nos testes comportamentais para avaliação da ansiedade. Sua ação se deve a sua ligação a sítios alostéricos do receptor GABAA, o que potencializa a resposta deste receptor ao agonista endógeno GABA (RODGERS & JOHNSON, 1998). A fim de confirmar se a ansiedade é causada somente pelo estímulo nociceptivo obtido com a injeção de formalina ou se existem fatores coadjuvantes relacionados ao processo, utilizaremos como agente analgésico o paracetamol (200 mg/Kg, i.p), 30 minutos antes da administração da formalina (CLAVELOU, 1989). A menor dose de paracetamol efetiva em inibir respostas nociceptivas, de acordo com Clavelou (1989), será por nós utilizada para evitarmos a ocorrência de efeitos sedativos, os quais poderiam alterar a resposta comportamental do animal no LCE. Além disso, iremos comparar o estímulo nociceptivo no lábio com o estímulo de uma região não orofacial utilizando, assim, o dorso do animal. Neste contexto, o objetivo do presente estudo é realizar a validação dos dados preliminares indicativos de que a dor orofacial aumenta o nível de ansiedade em ratos (DOMINGOS et al., 2000a). Para isto nossa proposta foi 1) comparar o efeito da dor orofacial com aquele da dor somática, através da injeção de formalina no dorso, 2) avaliar o efeito do diazepam sobre a resposta comportamental ao LCE, induzida pela administração de formalina na região orofacial (validação farmacológica) e 3) confirmar se o efeito anstogênico observado se deve realmente ã dor, por meio do pré-tratamento do animal com paracetamol como analgésico, antes da administração da formalina