A importância da prática da alimentação infantil e da composição bioquímica do biofilme dentário na prevalência da cárie precoce da infância em crianças de 3 e 4 anos de idade

A prática de alimentação infantil e a composição bioquímica do biofilme dentário, principalmente com relação aos polissacarídeos extracelulares insolúveis, são de grande importância na etiologia da cárie precoce da infância (CPI). No Brasil, a prevalência de cárie em crianças pré-escolares ainda é alta e varia de 12 a 46%, sendo importante identificar os fatores de risco para o controle dessa doença. As crianças que apresentam a CPI possuem maior predisposição para o desenvolvimento da cárie na dentição permanente, sendo a experiência passada dessa doença considerada um dos fatores de risco mais significativos. A ocorrência de cárie dentária deve-se a desmineralização que ocorre no esmalte e na dentina pela ação dos ácidos orgânicos resultantes do metabolismo bacteriano normal, na presença de carboidratos fermentáveis provenientes da dieta. Os fatores dietéticos exercem influência locai ou direta sobre os dentes, reagindo com a superfície do esmalte e atuando como substrato para microrganismos cariogênicos da microbiota oral. O objetivo desse estudo foi avaliar a prática de alimentação de pré-escolares para verificar a associação entre a composição bioquímica do biofilme dentário e a presença de lesões cavitadas e não cavitadas da cárie precoce da infância. Após a realização dos exames clínicos de 107 pré-escolares na faixa etária de 3-4 anos de idade, a amostra foi dividida em três grupos de acordo com o estágio da doença: livres de cárie (LC), lesões de manchas brancas ativas (LMB) e lesões de cárie cavitadas (LCC). Os exames clínicos foram realizados por um examinador previamente calibrado (Kappa=0,78) de acordo com o critério da OMS modificado. Após a coleta do biofilme dentário, as concentrações de polissacarídeo extracelular insolúvel (PEI) e fluoreto (F) foram determinados por colorimetria e eletrodo íon-seletivo, respectivamente. A variável PEI foi expressa em função do peso seco de biofilme (μg/mg). Para a avaliação dos hábitos de alimentação foi empregado um diário de dieta, preenchido com o que foi consumido pelas crianças por um período de três dias consecutivos. Para a análise estatística dos dados, foi empregada a análise de variância seguida pelo teste de Tukey (α=0,05). As médias e erros-padrão da quantidade média de PEI/F por mg de biofilme de acordo com os grupos LC, LMB e LCC foram respectivamente: 262,7(±24,8)/0,23(±0,07), 259,0(±36,6)/0,19(±0,06), 534,7(±85,6)/0,12(±0,03). Os resultados evidenciaram que há diferença estatisticamente significativa entre os grupos LC x LCC e LMB x LCC com relação aos níveis de PEI (p0,05). Conclui-se que os níveis de polissacarídeos extracelulares insolúveis estão fortemente associados às lesões de cárie cavitadas