Políticas educacionais e reformas educativas : lutas fecundas de uma retirante

uí este Memorial de Formação, esforçando-me em conduzir os leitores à reflexão de que sem uma compreensão da práxis educativa, todo processo escolar é uma ação reprodutivista de hábitos e afirmações impostas. Não tenho a pretensão de fornecer respostas definitivas acerca das dificuldades e hipóteses ora delineadas. Disponho apenas uma produção de minha vivência subjetiva, somada ao conhecimento sistematizado. Convido-os a pensarem comigo de forma mais profunda e propositiva, as Políticas Educacionais e Reformas Educativas, analisando os efeitos destas sobre as condições de vida das classes trabalhadoras, de modo que permita o conhecimento e a compreensão de como são geradas essas políticas, bem como, a educação no contexto do capital. Dentro desse eixo, dedicarei especial atenção à tão discutida qualidade de ensino, às relações de trabalho sob o viés do bóia-fria ( visto que meu genitor é um exbóia-fria e por conseqüência, nossas histórias perpassam como a de toda essa massa isomorfa, à chamada falta de qualificação para o trabalho, pelas relações de dominaçãoexploração), a escola com seus mecanismos de controle e suas formas de exclusão, o voluntariado e o fracasso escolar. Para isso, farei uma viagem de volta no tempo buscando as minhas raízes, fazendo um breve passeio pela história da educação no Brasil. Far-se-á necessário reportar-me ao seio de minha família, à infância paupérrima no Nordeste, à luta pela sobrevivência, às dificuldades para estudar e até para manter vivo o sonho. De momento já pude sentir o quão difícil será reviver esses pedacinhos de vida. Por outro lado, levar-me-á ao reencontro com os amigos de infância, aos abraços de minha avó paterna; já sinto novamente as suas mãos calosas a me apertarem o rosto. Será a hora de quebrar o silêncio, de deixar rolar a lágrima contida. Referindo-me a minha travessia rumo aos canaviais paulistas em busca de emprego, rir ( talvez ironizando ) das piadinhas que faziam aqueles que me julgavam apenas uma tabaroa, é uma possibilidade. A visão que o PROESF me proporcionou, permite-me uma leitura crítica (espero que não muito ácida) relativa à minha vida pessoal e profissional enquanto empregada doméstica, mexânica3, e atualmente, como Professora de Ensino Fundamental ( 1ª a 4ª série ) em Santa Bárbara dOeste S/P. Partindo dessas reflexões espero reconhecer-me em minha própria história e produzir um novo conhecimento que me possibilite mudanças úteis à minha prática educativa sendo este, talvez, o meu grande desafio. Será um desafio intelectual estimulante, pois "..A vida é o lugar da educação e a história de vida o terreno no qual se constrói a formação. Por isso, a prática da educação define o espaço de toda a reflexão teórica... o saber sobre a formação provém da própria reflexão daqueles que se formam. É possível especular sobre a formação e propor orientações teóricas ou fórmulas pedagógicas que não estão em relação com os contextos organizacionais ou pessoais. No entanto, a análise dos processos de formação, entendidos numa perspectiva de aprendizagem e de mudança, não se pode fazer sem uma referência explícita ao modo como um adulto viveu as situações concretas do seu próprio percurso educativo. (DOMINICÉ, apud NÓVOA-1992, P. 24). Destarte, meu percurso pessoal interfere em minha formação profissional e viceversa, pois a aprendizagem implica em mudanças das tais situações pelas quais passei, vivi e vivo em minha trajetória educativa e pessoal, constituindo-se em um aprendizado para a minha profissão de Professora da escola pública contemporânea