Educação : quando a afetividade fala mais alto

ção. Por fora desse coração, uma lágrima triste e solitária desce em forma de angústia. Dentro dele, uma lama negra e fedorenta, areia movediça puxando alguém para baixo, alguém tentando desesperadamente e lutando com todas as suas forças para subir. Não se deixava abater, tinha que sobreviver e tirar de dentro desse coração tudo aquilo que a deixava triste e sem vontade de viver, chegando até a implorar a DEUS sua ajuda. ELE ouviu-a e bem devagar foi trazendo-a de volta para cima, para que durante a sua ascensão ela pudesse ir pensando, recordando, trazendo de volta as memórias meio esquecidas e, sobretudo, livrar-se de todos os empecilhos que agravavam sua vida e a impediam de escrever. Lentamente, ela foi se libertando, dando lugar a uma terra fértil e, de repente, rompeu seus limites, alcançando o sol, era como tivesse renascido diante do mundo e de seu Criador. Foi assim, entre lutas, esforços e garra, que ela conseguiu finalmente encontrar um atalho que a levasse a escrever esse tão sonhado e esperado trabalho acadêmico. Hoje, sinto-me como uma pequenina flor, sem graça, mas com um perfume suave num imenso jardim, onde pessoas passam e não a vêm, mas conseguem identificá-la pelo seu suave aroma. Sou professora, formada no Curso de Magistério há mais de vinte anos, atualmente,trabalho na Rede Municipal de Nova Odessa, na Educação Infantil. Minha escola chama-se CMEI Toca do Coelho, fica no bairro onde moro, facilitando muito a minha vida. Atualmente trabalho com crianças de cinco anos. Para começar a escrever esse trabalho acadêmico, confesso que passei noites e noites com insônia, não sabia falar de outra coisa, foi muito difícil escolher um eixo para começá-lo, já que eram tantos os eixos propostos, que fiquei meio perdida, eixo este que iria nortear o assunto escolhido. Depois de muito pensar, ler alguns memoriais, resolvi escrever sobre o eixo Afetividade, sobre nossas relações afetivas e como elas se desenvolvem no nosso dia-adia.. Além do mais, acho muito necessária essa relação entre professor/aluno, professor/pais, professor/professor, e para que este memorial seja fundamentado precisei pensar bastante, pois a responsabilidade é grande, tão grande quanto à pequenina flor e seu suave perfume, ou seja, a expectativa de ter um bom desempenho apesar de me sentir tão pequena mediante um trabalho tão importante, no sentido da incerteza de ficar claro ou não esse trabalho para quem fizesse a sua leitura. Este trabalho é resultado de algumas reflexões sobre minha prática como professora, de minhas dúvidas e inconformidade com algumas situações de meu cotidiano escolar e também no curso PROESF, que abriria novos caminhos, contribuindo assim, para a escolha do eixo escolhido por mim. Por se tratar de um trabalho acadêmico, escrevo a maior parte na primeira pessoa, mas, por muitas vezes, faço-o no plural, pois como eu, sinto que a maioria dos profissionais da educação também tem os mesmos conflitos, angústias e as mesmas indagações, a mesma lama negra e fedorenta dentro do coração. É sobre a experiência dessas informações sobre a afetividade, que vivenciei durante minha vida profissional, que quero falar neste memorial, das pontes que estabeleci entre minha prática na sala de aula e as teorias estudadas no curso PROESF, como Psicologia, História da Educação, Língua Portuguesa,etc... entre o saber de Deus e Ele nos passando a sua sabedoria, através de palavras, de idéias já que estou sempre pedindo socorro a Ele através de orações, pois sou muito religiosa. Aqui vou relatar algumas das muitas experiências que tive durante esses longos anos, onde a afetividade teve peso maior em minhas decisões, sempre cercada de muito afeto e agora com o PROESF, vi que tive razão em escolher esse eixo, já que aqui consegui conquistar novas amizades, relacionei-me muito bem durante minha vida profissional assim como com todos os alunos e também com os APs do curso de Pedagogia, consegui então eliminar a lama negra e deixar a terra ficar muito fértil, frutificar. O meu tema foi baseado em grande parte em WALLON, pois como li em um dos textos do curso PROESF, ele considera os sentimentos e as emoções, como manifestações da vida-afetiva .Tendo um papel fundamental no processo do desenvolvimento humano, destacando também o caráter social da criança neste sentido, pois a criança necessita da atenção de um adulto desde que nasce, assim como a pequenina flor necessita de fontes vitais para sobreviver, a criança também necessita do nosso olhar de modo especial, para que se sinta amada. Quando há um predomínio da função afetiva, neste momento estamos voltados para nós mesmos, fazendo uma elaboração do EU, isto é avaliando se estou ou não sentindo realmente essa afetividade para comigo e para com o meu próximo. Digo mais, enquanto eu não der atenção a esse fato afetivo na relação professor/aluno, corro o risco de estar só trabalhando com a construção do real, do conhecimento, deixando de lado o trabalho da constituição do próprio sujeito, que envolve valores e o próprio caráter necessários para o seu desenvolvimento integral, como homem, como ser humano. Gostaria muito que esse memorial pudesse ajudar outras pessoas a refletirem sobre suas ações, que afetam diretamente os alunos em sua formação, que fiquem atentas às palavras que proferem aos mesmos, pois estas devem ser bem pensadas antes de serem ditas, pois uma vez proferida, não tem retorno e são difíceis de serem esquecidas. Em todo trabalho realizado deve haver uma reflexão, quer seja de nossa prática, como de nossas experiências cotidianas, porque é na reflexão crítica sobre os problemas que essa prática faz surgir como desafio para nós. Segundo Paulo Freire (2004): essas sensações do inacabado devem fazer parte da rotina do professor, levando-o a um aprimorar-se constante, aprendendo cada vez mais sobre si, seus limites e possibilidades. O que eu encontrei em minha vida profissional, foram além de muitos desafios, maior consciência e respeito sobre o meu trabalho, sobre o meu aluno. Talvez isso seja até um bom recomeço e com certeza daquela lama negra e fedorenta nada restará e sim na terra fértil, uma sementinha germinará dando excelentes frutos