Ciclos de formação, progressão continuada e avaliação9 : mudando a educação

escolhido por mim neste Memorial de Formação relaciona-se com as dificuldades encontradas pelos alunos, no Ensino Fundamental, referentes às avaliações às quais são submetidos durante o processo educativo. Os processos avaliativos são temas centrais na implantação do sistema dos ciclos de formação e da progressão continuada, e acredito que são fatores fundamentais para uma transformação da educação. Tais processos deveriam estar presentes a cada momento, não a fim de punir, mas para redirecionar o trabalho, apontando os pontos positivos e negativos dos ciclos e da progressão continuada. A reprovação do aluno deixou de existir, para mim, a partir do momento em que tomei conhecimento, nas aulas de História da Educação1, de como a escola historicamente é excludente e atua a favor da classe dominante. Contudo, também não sou favorável à aprovação automática, cujo objetivo é o de evitar que o aluno fique retido, por não ter adquirido os conhecimentos propostos, na série em que se encontra. Para mim, o aluno deve construir seu conhecimento de acordo com suas próprias capacidades e seu próprio ritmo. No primeiro capítulo deste Memorial, apresento um pouco sobre minha trajetória escolar, que sempre foi orientada por processos avaliativos classificatórios, já que todo o ensino fundamental e até mesmo o Magistério, na época curso de formação profissional, funcionavam no regime seriado. Dava-se valor à nota e não se levava em conta o que realmente estava sendo aprendido pelo aluno. No segundo capítulo, descrevo como surgiu a escola na sociedade já que houveram tempos em que não existiam escolas, apesar da educação estar presente nos processos que transmitiam os conhecimentos dos adultos para as crianças na prática e como, com o desenvolvimento tecnológico buscando mão-de-obra especializada, a escola foi reinventada como um produto, com o objetivo de atender as classes dominantes, em associação ao processo de artificialização do saber, onde a impossibilidade de se utilizar experiências da vida real para verificar a aprendizagem conduziu à criação da avaliação. Descrevo, no terceiro capítulo, os modos através dos quais a avaliação pode ser utilizada para melhorar a qualidade do ensino e os caminhos que podem levar os alunos a um rendimento satisfatório visando à transformação do indivíduo, tornando-o crítico e reflexivo e levando-o a ações que promovam o seu bem-estar individual e coletivo na sociedade. Por fim, trato, no quarto capítulo, dos ciclos de formação e da progressão continuada, onde diferencio esta última do conceito dos ciclos de formação em si, que são organizados nas escolas e baseiam-se em experiências socialmente significativas para a idade do aluno, onde ressalto que os tempos e espaços do ambiente escolar são divididos de acordo com o tempo da própria formação, observando que a progressão continuada, por sua vez, trata-se de um processo cujo trabalho é voltado para a avaliação contínua e também sistematizada do aluno, caracterizando-se pela recuperação paralela e contínua do mesmo, destinando-se a viabilizar o fluxo destes. Nas considerações finais, apresento algumas conclusões sobre as formas de avaliação que a escola poderia utilizar e sobre a necessidade que nós, como educadores, temos de repensar a avaliação e o trabalho coletivo na escola, visando a fazer de nossos alunos indivíduos pensantes, que possam desenvolver sua própria opinião a respeito do mundo a seu redor e, assim, participar efetivamente da vida em sociedade