A educação infantil e a inclusão

rabalho procuro relatar as minhas experiências em Educação Infantil, focando o processo ensino-aprendizagem. No ano de 1992, recém formada como professora e insatisfeita comigo mesma, soube que a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional) precisava com urgência de uma profissional especializada, mas não a encontrou. Candidatei-me ao cargo e informei para a entidade a minha falta de especialização, mesmo assim fui para entrevista e acabei contratada em caráter temporário. Em janeiro deste mesmo ano, participei do concurso para Educação Infantil, no qual fui aprovada. Enquanto aguardava ser chamada para assumir uma sala de aula, atuei como professora na APAE. Este breve período de atuação e experiência nesta instituição, que tem na sua estrutura um espaço de troca de ações entre profissionais, foi de fundamental importância para mim. Percebi o quanto era relevante o contato entre o educador e profissionais diretamente envolvidos com crianças portadoras de necessidades especiais, como fonoaudiólogos, psicoterapeutas, psicólogos, dentistas e neurologistas. Com esse conhecimento passei a utilizar estratégias diferenciadas, de acordo com as necessidades de cada criança e compreender melhor a minha atuação como educadora. Nesta experiência tive contato com a diversidade cultural, as dificuldades de transportes, as necessidades econômicas daquelas famílias na manutenção de seus filhos na instituição. Dessa maneira, tive a oportunidade de internalizar um grande aprendizado. No primeiro semestre do curso PROESF (Programa de Formação de Professores em Exercício), durante uma atividade cultural, o professor José Luis Sanfelice mencionou o processo de democratização da escola pública. Recordo da sua explanação a respeito da clientela escolar, marcada por diferentes condições econômicas, sociais e culturais, pois a expansão da diversidade provoca maiores desafios. Nesta fala, pude me remeter ao passado, no qual percebi a falta da troca de experiências dos educadores mais experientes com os outros. No exercício do intercâmbio didático entre esses profissionais, muitas sugestões poderiam ser transmitidas. Essa experiência poderia contribuir para a transmissão de conteúdos mais significativos, que relacionasse a realidade e os anseios dos alunos, ou seja, uma verdadeira utilidade para sua vida cotidiana, evitando assim os conflitos internos e a evasão escolar. Observo que é na prática cotidiana que ocorre o enfrentamento de diferentes situações, entre elas, a inclusão social de crianças portadoras de necessidades especiais. Uma atividade que exerço em sala, mesmo não possuindo formação mínima para tanto. Apesar de observar uma lacuna no desenvolvimento pedagógico, percebo que a Educação Infantil vem ganhando contornos cada vez mais nítidos e com isso, as discussões emanam de seu interior e vão adquirindo maior visibilidade e consistência. Nota-se uma crescente compreensão sobre os processos relacionados à construção das dimensões humanas nas crianças pequenas: nas formas de apropriação, produção e expressão de significados, bem como na consolidação dos direitos a elas consignados pela própria sociedade brasileira