Meu novo olhar para a educação

coerência e sincronia para falarmos da vida pessoal nem sempre é fácil e não consegui ver outra forma de falar de minha formação universitária sem entrar no campo íntimo da vida que decorreu até a chegada à universidade. Primeiramente por ser um sonho em vias de realização, pois sabemos que não é fácil para grande parcela da população jovem do país chegar aos bancos universitários, que dirá à cultura acadêmica de um centro de excelência em pesquisa e produção científica como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sabemos ser este o sonho de uma parcela considerável de jovens estudantes. Outra forte marca, além do sabor de saber que estaria em uma das maiores universidades do país, veio através do gosto de vitória de uma etapa de privações e descrença nas próprias capacidades de chegar ao nível superior. Quanto mais o tempo passava, mais distante parecia esse sonho. Ser mãe, esposa, profissional, dentre outros papéis que a mulher ocupa socialmente, pareciam ser justificativas para adiar a continuidade da escolarização. Avaliando essa parada, meio que forçada, me fez refletir que a idade mais avançada nos faz aceitar o desafio de conciliar todas as atribuições a mais uma com um nível de maturidade que talvez não tivéssemos em outra fase da vida; e foi assim que encarei o processo seletivo para a graduação e o repeti em cada dia de aula. Ao buscar elementos que se costurassem para construir o memorial de formação deparei-me com uma palavra cujo significado, muito bonito por sinal, não me saiu da memória desde que a ouvi em uma das aulas da graduação, de Teoria Pedagógica e Produção em Matemática, nuança, me remetia à construção de algo novo. Inicialmente pensava ser de aulas melhores, de uma escola diferente ou de qualquer outro sonho que embala as discussões nos bancos universitários, mas na verdade, agora ao buscar sentidos para o memorial, descobri que as mudanças provocadas eram em mim, enquanto pessoa e não apenas como profissional. Resolvi, portanto, conduzir a narrativa do meu trabalho aos fatos que mais me afligiam antes e durante o percurso universitário, situações que fazem parte da maioria dos professores do primeiro ciclo do ensino fundamental, mas que nenhum pode se distanciar das nuanças que conduzem a busca por uma educação melhor. Vendo-me como alfabetizadora o primeiro tema que me guiou a narrativa foi alfabetização, as dificuldades e ansiedades que passamos em sala de aula, os esforços desmedidos por iniciar o aluno nos caminhos da leitura e da escrita. O segundo tema foi indisciplina, mesmo crendo que boa parte desse problema seja de cunho social a escola não deixa de ter sua parcela de responsabilidade e a exclusão velada figurada pela evasão e pela repetência causa uma certa revolta que a escola precisa saber administrar, por isto (in) disciplina se torna um objeto de estudo pertinente em qualquer linha que se procure discorrer, até por que sabemos que é muito difícil encontrar um professor que não tenha uma passagem sobre isto para contar, até com uma certa mágoa como foi o meu caso. Para digerir tanto as nuanças quanto as amarguras vividas na profissão julguei pertinente tratar um pouco sobre os caminhos que nos fazem constituir-nos professores e o necessário redimensionamento da escola rumo à emancipação de todos os sujeitos que a compõem, levando-me a pensar nisto da a partir do que: Dizem que mais difícil do que adquirir novos conhecimentos é conseguir desprender-se dos velhos. Abandonar uma ideia supõe renunciar a uma parte do nosso pensamento daquele que consideramos verdade durante muito tempo e deixar se fascinar pelo insólito. É nesta capacidade de fascinação que reside o gérmem do progresso (MORENO, 1999, p. 75) O memorial procura estabelecer uma inter-ligação entre minhas vivências, as construções pessoais e vivências e suas relações com a formação profissional em serviço, as descobertas e aprendizados, guiados à luz das discussões estabelecidas nas salas, nas Aulas Magnas, , no diálogo com os autores que nos foram apresentados por falas apaixonadas dos educadores que se dispuseram (pacientemente) a dividir seus saberes e vivências com professores- aprendizes, enfim, sou uma reconstrução a partir de vários pontos, mas inevitavelmente uma pessoa melhor por estar me construindo como uma profissional também melhor