Escala de negociação da aliança terapêutica : adaptação e relação com características do processo terapêutico

Tese de mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2016A conceptualização transteórica da aliança terapêutica (Bordin, 1979) e consequentes instrumentos de avaliação desenvolvidos, tendem a sobrevalorizar a dimensão de colaboração entre terapeuta e paciente e a não considerar a dimensão de negociação (Doran, Safran, & Muran, 2015). O grau em que terapeuta e paciente são capazes de negociar os desacordos sobre objectivos e tarefas é uma variável importante para o estabelecimento e manutenção da aliança. O presente estudo foi delineado com o objectivo de adaptar, para a população portuguesa, a Escala de Negociação da Aliança Terapêutica (versão original: Doran, Safran, Waizmann, Bolger & Muran, 2012), que operacionaliza o constructo de negociação. Na primeira parte, apresenta-se a tradução e o estudo das propriedades psicométricas do instrumento e, na segunda parte, o estudo da variação do grau de negociação, tendo em consideração diferentes características do processo terapêutico. Realizou-se a tradução cruzada do instrumento e, com a colaboração de terapeutas, distribuiu-se a uma amostra de 99 participantes, pacientes em processo terapêutico. O instrumento mostrou estrutura factorial semelhante às suas versões anteriores, confirmada através de análise factorial confirmatória, e níveis adequados de consistência interna (α= .87). Surgiram relações significativas entre o grau de negociação e a estimativa de melhoria do paciente e a duração do processo terapêutico. Estes resultados representam um avanço, para terapeutas e investigadores portugueses, na capacidade de avaliação do vínculo entre terapeuta e paciente. A necessidade de estudos futuros, para a aprofundar o estudo do instrumento, é discutida.The transtheoretical conceptualization of the working alliance (Bordin, 1979) and the ensuing evaluation tools tend to overestimate the collaboration between therapist ana patient and to disregard the negotiation (Doran, Safran, & Muran, 2015). The degree to which therapists and patients are able to negotiate their disagreements between goals and tasks is an important variable for establishing and maintaining the alliance. The purpose of this study was to adapt the Alliance Negotiation Scale (original version: Doran, Safran, Waizmann, Bolger & Muran, 2012) - which operationalizes the theoretical construct of negotiation - to the Portuguese population. In the first part, a translation and study of the psychometric traits of the scale is presented and in the second part, a study was made on the degree of negotiation, considering several elements of the therapeutic process. After a backward-translation of the scale it was distributed, with the help of therapists, to a sample of 99 participants, all patients in therapeutic process. The scale showed a similar structure to its previous versions, confirmed by a confirmatory factor analysis, and adequate levels of internal consistency (α= .87). Significant relationships between the degree of negotiation and the patient’s estimation of improvement and the duration of the therapeutic process were found. These results are a step forward for Portuguese therapist’s and researchers’ ability to evaluate the bond between patient and therapist. The need for future validation studies of this scale is being discussed