As leituras de Marcial feitas pelos autores cristãos da antiguidade tardia e da Idade Média foram muito mais extensas do que se pensa. Muitas dessas leituras são a prova irrefutável de que a obra de Marcial fazia parte dos programas que formaram os homens de várias gerações. Antologias expurgadas circularam livremente, acessíveis mesmo aos jovens que se preparavam para a vida clerical. Isso explica por que razão autores como Isidoro de Sevilha, na Espanha visigótica, ou Álvaro de Córdova, durante a ocupação muçulmana, se servem frequentemente de exemplos colhidos em Marcial. No séc. XII, os leitores de Marcial tiveram acesso a edições integrais da sua obra. Por vezes, alguns aspectos do espírito pagão dos Epigramas insinuaram-se nos sermoná...