Stress parental, envolvimento paterno e relação com variáveis sociodemográficas

Tese de mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicologia Clínica Dinâmica), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2017O presente estudo aborda o stress parental e o envolvimento paterno numa amostra não-clínica de pais de crianças com idade escolar, e pretende contribuir para aumentar o conhecimento na área da paternidade. Definiram-se como objetivos: (1) determinar se o envolvimento paterno se constitui como preditor do stress parental; (2) analisar se há variação do stress parental e do envolvimento paterno em função das variáveis sexo e idade das crianças; (3) averiguar se há variação nas dimensões em estudo em função de variáveis sociodemográficas dos pais (nível de escolaridade, idade e número de filhos). Utilizaram-se dois instrumentos: Adaptação portuguesa do Parenting Stress Index – Short Form (Abidin, 1995; Santos, 2008) e a Escala de Envolvimento Paterno (Simões et al., 2010a, 2010b). Recolheu-se ainda informação sociodemográfica específica relativamente aos participantes e às crianças-alvo. Participaram no estudo 78 pais (Midade = 43.3 anos, DP = 6.1; variação – 31-75 anos) de crianças com idades entre os 6 e os 12 anos. Os resultados indicaram que o envolvimento paterno (Total) se constitui como preditor do stress parental (subescalas Criança Difícil, Dificuldade Parental e Interacção Disfuncional Mãe/Pai – Criança, tratadas individualmente). Verificou-se que os pais das crianças mais velhas (9-12 anos), comparativamente com os das mais novas (6-8 anos) referem um nível mais elevado de stress parental decorrente da relação estabelecida (subescala Interacção Disfuncional). Verificou-se ainda que os pais mais velhos (com idades iguais ou superiores a 43 anos) experimentam mais stress parental associado com características da criança (subescala Criança Difícil). No geral, os resultados sugerem a relevância do envolvimento paterno para o stress experimentado pelo pai no desempenho do papel parental e reforçam a importância de variáveis específicas, da criança e do pai, permitindo retirar implicações para o trabalho com pais.This study assesses parenting stress and father involvement in a non-clinical sample of fathers of school-aged children. It sets out to contribute to increasing paternity-related knowledge. The main objectives are as follows: (1) to determine whether father involvement predicts parenting stress; (2) to analyse whether parenting stress and father involvement vary according to the gender and age of the child; (3) to examine whether the dimensions under study vary according to the sociodemographic variables (schooling, age and number of children) of the father. Two instruments were used: the Portuguese adaptation of the Parenting Stress Index – Short Form (Abidin, 1995; Santos, 2008) and the Paternal Involvement Scale (Simões et al., 2010a, 2010b). Specific sociodemographic data related to the participants and target children was also collected. 78 fathers of school-aged children (aged between 6 to 12 years) took part in the study (Mage = 43.3 years, SD = 6.1; variation – 31-75 years). Results showed that father involvement (Total) predicted parenting stress (Difficult Child, Parental Distress and Parent-Child Dysfunctional Interaction subscales, considered individually). Moreover, the fathers of older children (9-12 years), in comparison with those of younger children (6-8 years) perceived a higher level of parenting stress associated with the characteristics of their relationship (Parent-Child Dysfunctional Interaction subscale). Finally, older fathers (aged 43 years or above) exhibited a higher level of parenting stress related to their children’s characteristics (Difficult Child subscale). Overall, the findings of this study point to the relevance of father involvement in the parenting stress they experience in their role as parents, and reinforce the importance of specific child and father variables, thus suggesting implications for intervention with fathers