De Timor à Letícia, géopolitiques des mondes lusophones

Michel Cahen.— De Timor à Letícia, geopolíticas dos mundos lusófonos A situação da ex-colónia portuguesa de Timor oriental, invadida pela Indonésia em Dezembro de 1975, é próxima da de Koweit invadida pelo Iraque. Esta guerra é no entanto um drama esquecido, no qual pereceu um terço da população maubere. É a propósito desta questão no entanto que Portugal se opôs vitoriamente à Inglaterra ao anunciar que ele estava disposto a opôr o seu veto à proposta de um acordo da Comunidade com a Indonésia. Isto ilustra o seu posicionamento tendencialmente novo, menos dependente da sua política atlantica tradicional, mais ligada à política regional mediterânica. Alem disso ele é actualmente reconhecido como um parceiro moderno pelas instituições internacionais, nomeadamente financeiras. Contudo, as suas tentativas persistentes de construir uma lusofonia política são um quanto deceptionantes, uma vez que os seus parceiros não respondem com o mesmo vigor aos seus apelos. A razão é que Portugal procura servir-se da lusofonia para ultrapassar a pequenez do rectángulo ibérico, enquanto que o Brasil não tem necessidade de o fazer, construindo o MERCOSUL , e que a África lusófona se dirige frequentemente aos doadores mais endinheirados. Uma lusofonia relativa existe contudo : para alem da lingua, uma certa comunidade administrativa, arquitectural, musical, televisual, familial e ideológica (lusotropicalismo) define um sentimento identitário naturalmente cruzado com o de outras áreas culturais (indiana, americana, africana, chinesa). O lugar da lusofonia no mundo continua a ser subestimado, enquanto que ela é um dos principais ferros de lança da resistência linguística latinófona.Michel Cahen.— From Timor to Letícia, the Geopolitics of Portuguese-Speaking Worlds The situation in East Timor, an ex-colony of Portugal invaded by Indonesia in December 1975, is similar to that of Kuwait invaded by Irak. The war going on there is, though, a forgotten tragedy, in which more than a third of the Mauber people died. Yet it is on this issue that Portugal successfully opposed Great Britain by announcing it would veto the proposal that an agreement be signed between the European Union and Indonesia. This is a sign of its potentially new posture, less dependent on its old Atlantic policy, more linked to Mediterranean regional politics. Portugal is moreover recognized as a modern partner by international, namely financial, institutions. Its attempts at building a political Lusophony are nonetheless more or less failure, as its partners are much less interested. The reason is that Portugal tries to use Lusophony to compensate the smallness of the Iberic rectangle whereas Brazil, committed to building MERCOSUL, has no need to do so, and Portuguese-speaking Africa more readily turns to richer donors. A relative Lusophony exists though : beyond language, some measure of administrative, architectural, musical, media, family and ideological (Lusotropicalism) community defines a feeling of identity which naturally coexists with that of other cultural areas (Indian, American, African, Chinese). The place of Lusophony in the world is still underestimated ; yet it is one spearhead of Latin-speaking resistance.La situation de l’ex-colonie portugaise de Timor oriental, envahie par l’Indonésie en décembre 1975, est proche de celle du Koweit envahi par l’Irak. Cette guerre est cependant un drame oublié, dans lequel a péri un tiers de la population maubère. C’est à propos de cette question cependant que le Portugal s’est heurté victorieusement à l’Angleterre en annonçant qu’il était prêt à opposer son veto à la proposition d’un accord de la Communauté avec l’Indonésie. Cela illustre son positionnement tendanciellement nouveau, moins dépendant de sa politique atlantique traditionnelle, plus lié à la politique régionale méditerranéenne. Par ailleurs il est maintenant reconnu comme un partenaire moderne par les institutions internationales, notamment financières. Cependant, ses tentatives persistantes de construire une lusophonie politique sont plutôt décevantes, les partenaires ne répondant pas avec une vigueur égale à ses appels. La raison en est que le Portugal cherche à se servir de la lusophonie pour dépasser la petitesse du rectangle ibérique, alors que le Brésil n’en a nul besoin, construisant le MERCOSUL, et que l’Afrique lusophone s’adresse souvent à des donateurs plus argentés. Une lusophonie relative existe cependant : outre la langue, une certaine communauté administrative, architecturale, musicale, télévisuelle, familiale et idéologique (lusotropicalisme) définit un sentiment identitaire naturellement croisé avec celui d’autres aires culturelles (indienne, américaine, africaine, chinoise). La place mondiale de la lusophonie reste sous-estimée, alors qu’elle est l’un des principaux fers de lance de la résistance linguistique latinophone.Cahen Michel. De Timor à Letícia, géopolitiques des mondes lusophones . In: Lusotopie, n°1, 1994. Géopolitiques des mondes lusophones. pp. 19-33