Ética e complexidade na mediação comunitária

En el texto se plantea que la mediación comunitaria necesariamente se ha de asumir desde un posicionamiento ético y político que denomino ética contextualista que, además de situada, se ancla en principios como la responsabilidad, equidad, reconocimiento y cuidado, tomando en cuenta que desde la perspectiva de la complejidad, la realidad refleja polaridades, contradicciones e incertidumbres que pueden ser interpretadas a través de redes semánticas o constelaciones de conceptos.Conceptualizar a ética na mediação comunitária é um exercício teórico que só conseguimos entender numa perspetiva emergente e dialógica, enraizada em experiências concretas. É por isso que escolhemos tratar este tema em íntima relação com um projeto de investigação em que participámos e no qual a mediação constituiu uma dimensão transversal aos processos sociais que se foram desenvolvendo – Projeto Fronteiras Urbanas . Este projeto resultou do encontro entre a comunidade académica e duas comunidades locais, de uma pequena vila perto de Lisboa. As dimensões nucleares do projeto eram a alfabetização crítica, as histórias de vida e a cartografia múltipla, enquadradas num movimento de educação comunitária com sentido emancipatório. Assumimos as dimensões ética e política da mediação comunitária, uma ética contextualista, situada e comprometida com os princípios da responsabilidade, da equidade, do reconhecimento, da religação e do cuidado e que, numa perspetiva da complexidade, reflete criticamente sobre as polaridades, as contradições e a incerteza: A ética não poderia ser lúcida sozinha, isto é, ignorar as eventualidades e as desordens que impõe a ecologia da ação: não basta querer agir bem para agir bem. Isto significa que a ética não pode superar a complexidade: só pode trabalhar com a complexidade, ou seja, a pluralidade, a contradição, a incerteza (Morin, 1992, p. 215) Acreditamos na paz possível sob duas condições: a primeira, de acolhermos a polaridade sapiens/demens, amor-ódio, opressão-libertação, caos-cosmos, sim-bólico-dia-bólico como pertencendo à condição humana, pois somos a unidade viva dos contrários, segunda, de reforçarmos de tal maneira o polo luminoso desta contradição que ele possa manter sob controle, limitar e integrar o polo tenebroso (Boff, 2003, p.92) É o sentimento trágico inerente a um tal ‘situacionismo’, que gera uma co-responsabilidade, uma compaixão mútua, em suma, uma fraternidade horizontal ligada à importância do momento presente (Maffesoli, 2003, p.152) Neste artigo estes temas interpenetram-se a partir de constelações de conceitos que tecem redes de sentido e apoiam o seu aprofundamento.