O presente artigo busca problematizar a utopia frente aos desafios da afirmação democrática em um mundo crescentemente siderado pelo atomismo individualista e pela concepção neoliberal que pretende naturalizá-lo. Utopia que é dotada de uma formidável ambiguidade semântica, atravessando os tempos modernos, diferentes ideologias e representações de mundo, o que dificulta a tarefa de definir um conceito que funcione como instrumento operatório de consensos mínimos acerca do seu significado. Para além das inevitáveis divergências de interpretação, sublinha-se no artigo o papel crucial da utopia como elemento antecipatório da construção política e jurídica de novos modelos civilizatórios, de organização da sociedade, de redelimitação de racional...