Y/Rembe’y – Água/Fronteira

Este texto apresenta uma pesquisa e produção em arte contemporânea desenvolvida sobre e sob a condição fronteiriça, partindo de um território complexo e ambíguo: a tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Se todo espaço pode ser pensado como múltiplo, a fronteira acentua essa variação por ser uma zona que promove aproximações e diferenças, marcada por constantes encontros/confrontos. Rembe em guarani significa margem, borda, orla. Já o termo y quer dizer água, rio; a fronteira seria então rembe’y, ou seja, a margem do rio. A relação entre água e fronteira, a noção de barreira mas igualmente de fluidez presente nessa conexão, aparece nos dois trabalhos em vídeo aqui discutidos: Evaporação, filmado na fronteira entre Paraguai e Argentina e Inundação, que trata dos territórios alagados pela formação do lago de Itaipu. Além de orla, rembe também pode significar lábios: nesse sentido, a aproximação entre os países permite a existência de idiomas mesclados, atravessados, como o portunhol ou o jopara. Na intervenção sonora Como falar entre fronteiras, radiotransmissores instalados nos Marcos das Três Fronteiras permitem a conversa e troca sonora entre as margens dos países. As fronteiras são entendidas aqui como potências estéticas, éticas e políticas, gerando proposições e publicações de artista que configuram territórios vacilantes e em devir, habitados por outras vozes que fundam cartografias menores