Tecnologias de agricultura de precisão na monitorização do ecossistema montado

A agricultura confronta-se actualmente com o desafio de aumentar a produção de alimentos em resposta ao crescimento da população mundial. Junta-se a este desafio de produtividade no contexto global do sector agrícola, a necessidade de baixar os custos de produção e de melhorar a eficiência na utilização dos recursos naturais e dos factores de produção, de modo a aumentar a margem de lucro dos agricultores e a reduzir o impacto ambiental desta actividade. É neste contexto que surge a Agricultura de Precisão (AP), conceito que tem associado a utilização de tecnologias para recolha e registo de dados (sensores e sistemas electrónicos de informação), conhecimento e ferramentas de gestão de informação e análise de dados (“Sistemas de Informação Geográfica”, SIG) e os meios para apoiar e concretizar este conceito, respectivamente, “Sistemas de Navegação Global por Satélite” (GNSS, “Global Navigation Satellite System”) e “Tecnologias de Taxa Variável” (VRT, “Variable Rate Technology”). Este paradigma marca uma nova era na agricultura, onde se enquadram os sistemas agro-florestais extensivos. O montado, forma de ocupação do solo que integra pastagens naturais ou melhoradas, diferentes espécies de árvores e animais em pastoreio, cobre 3,5- 4 milhões de hectares em Portugal e Espanha e representa um terço da área total de floresta em Portugal. Esta importância relevante justifica a aplicação de tecnologias adequadas face à diversidade dos padrões relacionados com a variabilidade espacial do solo e da cultura, a diversidade de espécies botânicas e composições florísticas, a dinâmica da vegetação, as características do relevo, os sistemas de pastoreio animal ou as condições climáticas. Nesta comunicação percorrem-se os itinerários que, em mais de uma década, têm conduzido o grupo de investigação em Agricultura de Precisão da Universidade de Évora a testar e validar tecnologias em todas as fases do ciclo de AP aplicado ao ecossistema de montado: no levantamento da variabilidade (do solo, da pastagem, das árvores e do pastoreio animal), no apoio à tomada de decisão e no fechar do ciclo, através da implementação de zonas de gestão diferenciada, por exemplo, da fertilização, da sementeira ou dos tratamentos fitossanitários. É dado particular destaque à evolução proporcionada às máquinas agrícolas, resultante em grande medida da incorporação de sensores e unidades de cálculo e processamento electrónicos. Conclui-se sobre os elementos chave para o sucesso do conceito de AP: tecnologias, conhecimento e escala. O montado assegura, só por si, a dimensão escala. As tecnologias representam as ferramentas da inovação. As Engenharias, Agronómica, Florestal ou Zootécnica contribuem com o conhecimento e são a base do desenvolvimento rural