MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA EXPERIÊNCIA DO NASF JUAZEIRO-BA

O apoio matricial pode ser compreendido como um novo modo de se organizar e funcionar para produzir saúde no qual profissionais operam em uma intervenção pedagógico-terapêutica compartilhada. Desse modo, tendo como referência o trabalho no Núcleo de Apoio à Saúde da Família-NASF, junto às Equipes de Saúde da Família (ESF’s) no Município de Juazeiro-BA, percebemos, enquanto profissionais do NASF, pouca demanda das equipes do distrito II ao apoio técnico pedagógico ofertado pelo núcleo, em detrimento de busca intensa por atendimento ambulatorial, principalmente nas questões relativas à Saúde Mental. Além disso, foi relatado constantemente pelos profissionais a dificuldades em lidar com familiares e usuários em sofrimento psíquico. Diante destas questões, o NASF propôs a viabilização de oficinas em saúde mental, visando instrumentalizar as ESF’s quanto às questões pertinentes à saúde mental e ofertar um espaço de escuta dos profissionais, no intuito de possibilitar uma atenção qualificada às pessoas em sofrimento psíquico atendidas pela equipe de saúde e, consequentemente, à integralidade do cuidado. As oficinas também objetivam o fortalecimento das ações de matriciamento preconizadas pelo Ministério da saúde na criação dos NASF’s. Através das ações, também se buscou oferecer aos profissionais um espaço de escuta para suas angústias. Assim, em reunião de distrito, a proposta foi colocada para as equipes, tendo sido escolhida a uma ESF do bairro João XXIII como piloto para iniciar as oficinas, que iniciaram em março de 2014 com proposta de término em setembro 2014. Assim, as oficinas acontecem como rodas de conversa, contando com suporte teórico, momentos de escuta da ESF, discussão de casos prioritários e dinâmicas de grupo com os profissionais. As oficinas basearam-se no formato utilizado pelo Programa de Educação pelo Trabalho (PET) 2008, e tratam de temas como Sensibilização ao trabalho em saúde mental, compreensão da “loucura”, modos de atenção e rede local de cuidados, Identificação de “demandas” em saúde mental, Intervenção em crise, Medicalização e Construção de Projetos terapêuticos Singulares (PTS). Com o desenvolvimento das oficinas foram percebidos como resultados parciais: 1) apropriação da temática; 2) maior sensibilização às questões de saúde mental do território; 3) qualificação do cuidado ofertado; 4) co-responsabilização da equipe; 5) diminuição do estigma e estereótipo acerca da “loucura” e 6) compreensão por parte da ESF do NASF enquanto instrumento de apoio pedagógico (matriciamento). Os encontros propiciaram maior vinculação da ESF com o NASF, que passaram a atuar conjuntamente, compartilhando casos priorizados através das visitas domiciliares, discutindo intervenções, buscando formas de cuidar integralmente dos usuários. A proposta futura é a ampliação das oficinas as demais equipes do distrito II. Espera-se também, que a partir dessa experiência, as ESFs, em conjunto com o NASF, possam desenvolver projetos terapêuticos integrados a outros serviços, buscando articular e pôr em movimento a Rede de Atenção Psicossocial, com vistas à promoção da atenção integral e resolutiva aos familiares e usuários em sofrimento psíquico, bem como a consolidação de ações de matriciamento em saúde mental