A crise económica e o acesso ao medicamento

Monografia realizada no âmbito da unidade curricular de acompanhamento farmacêutico do mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de CoimbraO sector farmacêutico atravessa a par da restante economia uma grave crise, limitando o acesso das populações aos melhores cuidados de saúde. Hoje em dia é obrigatório que a indústria seja capaz de demonstrar o real benefício dos seus produtos, considerando tanto o nível terapêutico, como financeiro. Em Portugal existem uma série de factores que hoje em dia dificultam a possibilidade da indústria colocar à disposição das pessoas os melhores medicamentos. O Financiamento Público é muito difícil de obter em Portugal, sendo que num estudo realizado pela EXIGO, apenas em 50% dos casos analisados, esse financiamento foi aprovado. A somar a isto a demora por parte do INFARMED em tomar uma decisão leva a mais encargos tanto para o Estado como para a indústria. A contracção da procura de medicamentos, vem agravar a situação das farmácias e consequentemente da indústria. A face mais visível desta crise são os cortes a nível financeiro, sendo que o Governo Português afirma que existiu um corte de 600 milhões de euros a nível da saúde no último ano. Estes cortes foram fundamentalmente obtidos a nível de cortes nos preços e cortes hospitalares que vão retirar rentabilidade às companhias farmacêuticas, perdendo estas o interesse em comercializar em Portugal. Em vez disso, comercializam directamente em mercados emergentes como o Brasil, que teria preços referenciados a partir de Portugal. Assim o preço no mercado brasileiro não é negativamente afectado pelo preço no mercado nacional. O factor que provoca maior carência no abastecimento do mercado nacional é no entanto a exportação paralela, que proporciona às companhias margens de lucro enormes, quando comparadas com as do mercado nacional. Muitos doentes hoje referem faltas no abastecimento dos medicamentos que vão procurar às farmácias, sendo que muitos têm de optar por switch de forma a manterem a sua terapia. Hoje os medicamentos já não se encontram ao alcance de todosThe pharmaceutical sector is going through a major crisis, like the rest of the economy, creating a limited access to the best health care services that are available to the population. Today is mandatory that pharmaceutical companies are able to demonstrate the real benefit of their product, at a therapeutical level as well as at a financial level. Today, in Portugal, some factors difficult the possibility of putting the best medicines at the people’s disposal. The Public Endorsement by the government is very hard to obtain in Portugal. In a study conducted by EXIGO, only 50% of the sample, were approved to receive public endorsement. In addition, the national authority (INFARMED) takes too long to make a decision creating more costs to both the government and the companies. Nowadays, is much more expensive to people to go and see a physician, so there much less prescriptions, creating much less search in the pharmacy. The most critical factor of this crisis are the financial cuts, where the Portuguese Government says that in the last year had made a saving of 600 million euros in the healthcare systems. This saving were obtained mainly by price cuts that will take out the profit margin from the pharmaceutical companies, what will be leading to a lack of interest, by those companies, to work in Portugal. Instead of selling in Portugal, they go directly to emerging markets, like Brazil, which should had their medicines prices made according to the price in Portugal. Doing this, the price is not negatively affected by the price cut that the Portuguese Government is making. Parallel Exportation is leading to lack of stock of medicines in Portugal, which as a consequence, leads to lack of access. The Companies consider exportation a major way to make a profit, since the profit margins are enormous, compared with those made in national market. Many patients are having trouble in getting the medicines they need in the pharmacies, making them go through a therapeutic switching in order to maintain their therapies. Medicines are no longer at everyone’s reach