Viajante pediátrico : quem, como e depois

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2016Contexto: O número de famílias que viajam com crianças para destinos tropicais tem aumentado significativamente em todo o mundo. O conhecimento sobre os riscos pediátricos em viagem é escasso. Objetivos: Definir a tipologia dos viajantes da Consulta do Viajante Pediátrico do Hospital Santa Maria (HSM) e das viagens realizadas; caracterizar as prescrições e recomendações habituais dos profissionais de saúde, determinar a adesão às mesmas e a ocorrência de efeitos adversos; conhecer as doenças atribuíveis à viagem. Métodos: Questionário individual pré e pós-viagem aos utentes que efetuaram uma Consulta do Viajante Pediátrica entre junho-dezembro de 2015, no HSM. Resultados: A mediana de duração da viagem dos inquiridos (n=96) foi de 20 dias; os destinos mais frequentes foram Angola (43,8%), São Tomé (13,5%) e Cabo Verde (13,5%). A visita a familiares e amigos foi o motivo de viagem em 68,8% dos viajantes. Foi prescrita pelo menos uma vacina, a 83,3% dos viajantes. Antimaláricos foram recomendados a 66,6% das crianças (63,5% com Mefloquina). Do total dos viajantes que responderam ao inquérito pós-viagem (n=11), 6 referem ter cumprido a totalidade das prescrições. Não foram registadas reações adversas a fármacos/vacinas. Durante a estadia no estrangeiro, 5 viajantes sentiram-se doentes (4 casos de diarreia e 1 de febre). Conclusões: A Consulta do Viajante Pediátrico do HSM recebe principalmente utentes que viajam para países africanos com o objetivo de visitar amigos e familiares durante períodos longos. Este é o grupo de maior risco de doença ou acidente associado a viagem. Neste contexto, o não cumprimento de todas as medidas recomendadas por cinco de onze respondedores ao inquérito pós-viagem é preocupante. Justifica-se um esforço complementar para aferir as condicionantes ao cumprimento das profilaxias recomendadas, a sua segurança e eficácia.Background: The number of children travelling with their families to tropical destinations is increasing worldwide. Data on risks for travelling children are limited. Objectives: Define the typology of the travelers that attend the Pediatric Travel Consultation in "Hospital Santa Maria" (HSM) and their trips; characterize the usual prescriptions and recommendations of healthcare professionals, determine the adherence to those prescriptions and the occurrence of adverse effects; recognize travel-related illness. Methods: Individual questionnaires, previous and post-travel, to Pediatric Travel Consultation's patients between June and December of 2015, in HSM. Results: The median of the travel duration of the respondents (n=96) was 20 days; the most frequent destinations were Angola (43,8%), São Tomé (13,5%) and Cabo Verde (13,5%). The visit to relatives and friends was the purpose of 68,8% of the travels. At least one vaccine was prescribed to 83,3% of travelers. Anti-malarial medications were recommended to 66,6% of children (63,5% with Mefloquine). Of all travelers that have answered post-travel inquiry (n=11), 6 refer that have fulfilled the totality of prescriptions. No adverse reactions to drugs/vaccines were registered. While abroad, 5 of the travelers reported being ill (4 cases of diarrhea and 1 case of fever). Conclusions: The majority of children observed at HSM's Pediatric Travel Consultation was traveling to African countries in order to visit relatives and friends during long periods of time. This is the group with higher travel-relative risk of disease or accident. In this context, the failure to fulfill the recommended measures by five of eleven responders to the post-travel inquiry is worrisome. An additional effort to assess the constraints to the fulfillment of recommended prophylaxis, their safety and efficiency, is justified