O ensino da Geometria na 9.ª classe em Moçambique: três professores tacteando o currículo

Tese de mestrado, Educação (Didáctica da Matemática), Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2009Esta dissertação baseia-se nos resultados de uma pesquisa que teve como objectivo compreender a situação do ensino da Geometria, no Ensino Secundário Geral em Moçambique, em particular da Geometria Espacial na 9ª classe, e as práticas de gestão curricular do professor que lhe estão associadas. Para tal, o investigador procurou compreender quais as perspectivas dos professores acerca da Geometria e do seu ensino, como se caracteriza o papel do professor na gestão do currículo de Matemática, em geral e da Geometria, em particular, e que dificuldades enfrentam os professores no ensino da Geometria, bem como a origem destas. Na busca de respostas para as questões de estudo aqui colocadas, o investigador optou por uma pesquisa de cunho interpretativo, seguindo uma abordagem qualitativa e modalidade de estudo de caso. O trabalho de campo foi desenvolvido em Moçambique, contando com a participação de três professores de Matemática do Ensino Secundário Geral, tendo a recolha de dados incidindo na realização de entrevistas e na análise documental. Na perspectiva dos três professores participantes nesta investigação, o ensino da Geometria deve ser efectivado tendo em conta o seu papel dentro da disciplina de Matemática e também tendo em consideração a sua relação com a realidade exterior à Matemática. Contudo, eles acham que o ensino da Geometria tem vindo a assumir um lugar cada vez mais reduzido nas práticas dos professores. Avaliando por aquilo que se vive actualmente, no ensino deste tema, os professores receiam que a médio prazo a Geometria Espacial poderá desaparecer do ensino ou, no mínimo ser tratada superficialmente, por mais que continue a figurar no programa. Os professores acham que alguns dos conteúdos são complexos para os alunos. Os professores sentem que lhes falta uma margem de autonomia para decidir sobre certos aspectos relativos ao seu trabalho. Por exemplo, eles acham que deviam estar directamente envolvidos nas reformas curriculares porque são os principais agentes responsáveis pela implementação do currículo. Apesar disso, os professores fazem a gestão do currículo colectivamente, planificando quinzenalmente ou individualmente, ao planificar cada aula. Os seus níveis de protagonismo variam entre o de imitação-manutenção, procurando reproduzir o que aparece no programa e no manual escolar e o de criação, adaptando alguns aspectos dos documentos apresentados, tendo em conta os seus alunos. O estudo realizado também permitiu conhecer a situação problemática das escolas em Moçambique. Estas não dispõem de recursos didácticos para o ensino da Geometria, tais como, manuais de Geometria para professores, modelos de sólidos geométricos e instrumentos para desenhar, facto que dificulta o trabalho de ensinar. Os professores queixam-se da insuficiência de tempo para abordar na íntegra os conteúdos de Geometria, recomendados no programa. O elevado número de alunos nas turmas constitui um outro constrangimento que dificulta o trabalho dos professores, nomeadamente no acompanhamento aos alunos, na preparação de tarefas e na correcção de trabalhos ou testes. Dado isso, adiantam-se algumas propostas: → A criação de oficinas pedagógicas para a construção de materiais didácticos para as aulas de Matemática em geral e de Geometria, em particular. → O planeamento de um acompanhamento contínuo aos professores, através de seminários ou workshops, em que tenham a oportunidade de analisar os programas de ensino e os manuais escolares e aprofundar os seus conhecimentos didácticos assim como os seus conhecimentos matemáticos.This study is based on the results of a research which aimed to understand the situation of the teaching of Geometry in secondary school in Mozambique, particularly the teaching of the Spatial Geometry in 9th grade, and the teacher’s curriculum management associated with it. For this, the researcher tries to understand the expectations of teachers about the Geometry and its teaching, the characteristics of the teacher’s role in managing the Mathematics curriculum, in general, and in the Geometry curriculum, in particular, and the difficulties that the teachers face in teaching Geometry and the origin of these. In search for answers to the questions raised here, the researcher chose na interpretive research, following a qualitative approach and the case study design. The fieldwork was conducted in Mozambique, counted with the participation of three mathematics’ secondary school teachers, and the research methods centred on interviews and on analysis of documents. According to the three teachers’ perspectives involved in this research, the teaching of Geometry should be developed taking into account its role within Mathematics and also its relationship with the reality outside the Mathematics. However, they think the teaching of Geometry has been taking an increasingly reduced place in the practices of teachers. Judging by what is happening now in the teaching of this subject, teachers fear that, in the medium-term, Spatial Geometry may disappear in the teaching or at least it will be treated superficially, even if it continues to appear in the program. Teachers find that some of contents are complex for students. Teachers feel that they lack some autonomy to decide on certain aspects of their work. For example, they think they should be directly involved in curriculum reform because they are the main agents responsible for implementing the curriculum. Nevertheless, teachers are collectively managing the curriculum, planning fortnightly or individually, in the case of the lessons plans. Their levels of competence in curriculum ranges from the imitation-maintenance, trying to reproduce what appears in the program and the manual, and the creation, by adapting some of the documents presented, taking into account their student